“Ser Tão Avoador” foi financiado através de edital da Funarte/MinC e rodado no sertão baiano e pernambucano sob temperaturas acima de 40 graus. O diretor e a equipe decidiram que o curta seria gravado numa comunidade distante 100km de Casa Nova-BA. Não há acesso asfaltado, nem luz elétrica, nem água encanada no lugar.
A produção movimentou a região. Muitos moradores nunca haviam visto um filme, quiçá participado de uma produção audiovisual. Foi o que a equipe proporcionou. Dos seis atores, pelo menos cinco eram da comunidade ou tinham ligação. A protagonista, Manuela Markes, pela primeira vez estava frente às câmeras e não fez feio. A atuação dela chega a ser uma poesia natural que ganhou uma ajudinha dos preparadores da WW Filmes.
O curta mostra a estória de Mariinha, que vive no sertão nordestino e sofre mais que as consequências áridas da seca, num tempo em que sonhos não tinham importância. Ela encontra motivos para viver em subterfúgios, como no desejo de voar.
SOBRE O CURTA:
O curta foi rodado no povoado de Lagoa do Alegre, no sertão baiano, distante de tudo, onde não há água encanada – por vezes falta até a da chuva, não há eletricidade, nem meios de comunicação. Muita gente não tem sequer televisores, quiçá haviam participado de uma produção audiovisual. Mas durante mais de seis meses a equipe composta por profissionais de várias regiões foram incumbidas de selecionar e preparar alguns moradores para participar do curta.
A protagonista pertence à comunidade e nunca havia feito qualquer trabalho. Destacou-se nos testes e passou por uma preparação. O resultado de expressão e sensibilidade tocou e impressionou a todos! O diretor Wllyssys Wolfgang fez questão de selecionar alguém da comunidade e apostou em Manuella Markes, que abrilhantou o curta e deu a cara ao projeto. “Pra se chegar às locações era tão difícil que capotamos um carro, trincamos o para-brisa de outros dois, e furamos o tanque de um terceiro veículo que transportava a equipe no trajeto até a comunidade,” relembra Wolfgang.
O pano de fundo desta história de ficção é a caatinga nordestina com sua beleza mesmo em tempos de seca. O cenário é dramático e real. Não foi alterado. A fotografia do filme é um dos destaques e foi assinada por Roberio Brasileiro. A direção de arte foi feita por Ilana Copque, que ambientou a história num tempo diferente do atual. A direção musical é assinada por André Dantas, que compôs parte da trilha exclusivamente para o curta.
Segundo Wllyssys Wolfgang a participação dos moradores de Lagoa do Alegre surpreendeu a todos. “Queríamos realizar um trabalho social, e não só filmar. Como o povoado vive sem energia elétrica e água encanada, tem muita gente que sequer possui aparelhos de televisão, era o cenário perfeito para podermos filmar e levar mais informações sobre como funciona o cinema. Então, realizamos a seleção e as oficinas com os próprios moradores e nos surpreendemos com os resultados”, afirma Wllyssys.
O curta metragem fez parte do Projeto Cine Caatinga, financiado pela Funarte e Ministério da Cultura.
EQUIPE | SER TÃO AVOADOR
Roteiro e direção: Wllyssys Wolfgang
Dir. de fotografia: Robério Brasileiro
Produção: Ilana Copque
Sound Design: André Dantas
Logística: Zé Reis
Figurino: Socorro Reis
Elenco: Manuela Markes, Pedro Lacerda, Nilda Rodrigues, José Reis, Bruno Emmanuel, Lara Gomes
Execução e distribuição: WW Filmes